08/06/2021 às 13:47 Entrevistas

"Trinta segundos do 'Vera Cruz' levava três dias para ser escrito!" - Entrevista com Roberto Barros (Edu Falaschi)

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Conhecido como “Cyborg”, o guitarrista brasileiro Roberto Barros vem ganhando bastante notoriedade na cena do metal desde que uniu forças com Edu Falaschi. Agora, com o lançamento do aguardado “Vera Cruz”, primeiro disco solo do ex-Angra, chegou a hora de vermos Roberto Barros em plena forma e mostrando tudo o que tem.

Bati um papo exclusivo com o guitarrista que revelou detalhes das composições do “Vera Cruz”, falou sobre as expectativas para a volta das turnês e também comentou sobre influências, vida de professor de guitarra e muito mais! Boa leitura!

Gustavo Maiato: Você e o Edu Falaschi trabalharam durante muitos meses na composição do “Vera Cruz”. Nessas primeiras semanas de lançamento, a recepção do público tem sido da maneira que você esperava?

Robeto Barros: A recepção não poderia ser melhor! Confesso que esses últimos dias, minhas redes sociais estão bombando, nem nas minhas melhores expectativas teria sido dessa forma. Foi uma loucura, principalmente o Instagram, ganhei muitos seguidores em pouco tempo.

Não consigo mais responder as pessoas, são muitas mensagens. Ontem eu dei uma olhada e tinha mais de 300 mensagens não lidas! Então graças a deus a recepção do público está incrível!

Enquanto eu e o Edu estávamos trabalhando nas músicas, já percebemos que seria um disco forte e complexo. Mas nunca sabemos ao certo como isso será recebido. As expectativas eram as maiores possíveis.

Além da minha percepção pessoal, percebi que as vendas foram um sucesso. Esgotou todos os materiais! O Edu está dando sei lá quantas entrevistas por dia para vários países. Os números falam por si! Está um absurdo!

Estou muito feliz nesse momento da minha carreira. No meu caso, são 20 anos me preparando para esse disco. Agora, fico feliz com esse reconhecimento.

Gustavo Maiato: Você e o Diogo Mafra são os dois guitarristas do disco. Como é pensada a divisão do que cada um vai tocar?

Roberto Barros: Eu fui o arranjador das guitarras junto com o Edu Falaschi. Quando compus as linhas e riffs, ali está minha linguagem, minha alma. Obviamente, temos que seguir o estilo do álbum.

Na hora de tocar ao vivo, geralmente o Diogo pega as regiões mais graves dos fraseados. Isso aconteceu nas turnês que fizemos já. Eu pego as regiões mais agudas nos duetos. Agora, quando eu faço meus playthroughs, onde aparece apenas eu tocando, prefiro pegar a tônica, mas não é regra.

Para turnê, o Diogo sempre pede para ficar com as mais graves, ele acha mais confortável. Eu pego as linhas mais agudas. Quando compus e gravei as duas linhas, geralmente eu estava mais estudado nas linhas graves.

Você compõe a partir da tônica e depois faz a terça para harmonizar. No metal tem muito isso. Era um trabalho duplo! As pessoas ficam curiosas sobre porque eu gravo as duas coisas. Em banda de metal isso é comum.

Se um guitarrista gravar uma dobra, ele grava todas as bases dessa música. Fica com a mesma pegada, com um som linear. Por mais que os dois toquem super bem, o jeito de abafar dele é diferente, por exemplo.

Então, na hora de gravar, se um lado estiver minha guitarra e o outro estiver com outra guitarra, vai dar diferença na mix. O mundo inteiro trabalha assim. O cara escolhe qual música vai gravar e depois grava tudo. Aí o outro cara grava o solo dele. Para manter o som linear e bem casado.

Gustavo Maiato: Na hora da composição, imagino que possa ter existido alguma música que começou a ser escrita de uma forma e depois o resultado foi algo completamente diferente! Teve algum caso desse tipo?

Roberto Barros: Todas as músicas fluíram muito bem. Do jeito que começaram, ficaram. Cada trecho foi muito pensado, não era algo que fazíamos do nada. Eu e o Edu tínhamos uma regra chamada “sem preguiça”.

Às vezes, era um trecho de 30 segundos que a gente pensava dois dias nos arranjos. Víamos o que soava melhor. Cada nota foi pensada.

Agora, a música “Fire With Fire” foi a primeira a ser composta. O disco levou cerca de 1 ano e meio para ser composto. Não trabalhamos todos os dias nesse tempo, tivemos hiatos por conta da pandemia.

Mas lá no primeiro mês, trabalhamos essa música e nessa época não tínhamos o modus operandi de trabalho entre nós dois. Então essas primeiras músicas... Também a “Mirror of Delusion” e a “Crosses” nós revisitamos no final da pré-produção.

A que teve mais mudanças foi a “Fire With Fire”. Ela tem um riff hard rock que o Edu fez. Esse riff era mais simples. Nós nos incomodávamos com isso. Ela era diferente das outras músicas. Era a primeira música, nosso nível de trabalho estava baixo comparado ao nível do fim.

Depois, estávamos sabendo o que o outro pensava! Nesse riff inicial ele falou assim “meu, dá uma robertizada nisso aí!” Estava muito oldschool, ele queria algo que conversasse mais com o resto do disco.

Eu trabalhei nessa música uns dois dias, repaginei a intro. Na ponde, que vai para Dm, tinha uns acordes soando, coisa meio beginner. Acho que fizemos com pressa. No começo, a nossa mentalidade era um pouco diferente.

Fomos percebendo que o disco estava ficando muito animal! O nosso nível de exigência acabou subindo muito. Aí ele falava “essa parte eu odeio!”, ele odiava essa parte que ficava soando os acordes.

Eu falei “dá para mim aqui que eu vou mudar isso”. Quando eu cheguei com essa ponte nova, botei uns riffs por baixo bem difíceis, ele pirou! Mexemos o refrão um pouco também. Ela tem como se fossem dois refrãos.

Tem uma parte que são umas oitavas meio Beethoven. Eu coloquei por baixo umas guitarras em contraponto. Um arranjo meio maluco! Deu uma ideia de algo meio concertista, com camadas.

Na “Crosses”, mexemos na estrutura do final. Tinham umas coisas excessivas. Na “Mirror of Delusion” mexemos pouca coisa. Ela estava muito boa, demos uma mexida na harmonia dela no meio.

Mexemos no fim também, naquela hora que o Edu dá um grito. Então, essas três ficaram mais pareadas com as outras do período final.

Gustavo Maiato: Muita gente comparou o “Vera Cruz” com o “Temple of Shadows”, do Angra. Lá era a dupla de guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt. Aqui, temos Roberto Barros e Diogo Mafra. Como você analisa essas duas duplas?

Robeto Barros: Falando da estética musical, acho que a comparação é super cabível. Primeiro, temos três caras que foram do “Temple of Shadows” no disco. O Edu, Aquiles Priester e o Fábio Laguna.

O Laguna e o Aquiles têm uma identidade muito forte! Imagina aquela pessoa com um sotaque muito forte. Quando você troca uma ideia com um carioca, vê um sotaque muito forte. Assim eles devem achar da gente também.

Eles dois têm uma linguagem muito forte. Em qualquer coisa que eles façam, vão imprimir essa linguagem. Não tem como o Edu se desvincular do Edu do “Temple of Shadows”, do Symbols, Almah.

Vão ter esses elementos. Se você pega a “Spread Your Fire”, foi um clássico e é do Edu! “Angels and Demons” é dele também. Compositores como Paganini, se você ouvir tudo que ele fez durante a carreira inteira, são coisas parecidas. As pessoas enxergam essa conexão porque é o mesmo compositor!

Sobre as guitarras, o Kiko e o Rafael são dois patrimônios da guitarra nacional! Eles são gênios, são uma escola para os guitarristas brasileiros, são incríveis e foram influência para mim e acredito que para o Diogo.

Eu e o Diogo estamos aí! Estamos fazendo nosso nome, colocando nossas ideias, com todo respeito a esses gênios que estão entre nós. Estamos fazendo nosso trabalho, sempre olhando para esses caras.

Uma das grandes qualidades de um profissional é ter humildade para olhar para o próximo e se comparar. Se esse cara faz algo melhor, vou tentar chegar perto. Nós, enquanto dupla, tentamos fazer algo num nível alto. Caprichamos muito!

Quando somos o Diogo e Roberto que tocam a música do Angra, também tudo isso fica na cabeça. Muito respeito por eles, tentamos tocar o máximo parecido com a obra original.

Gustavo Maiato: Poucos sabem, mas você passou por um acidente grave na sua mão e ficou um tempo sem tocar guitarra. Depois, você deu a volta por cima e virou referência em palhetada alternada. Como foi essa história?

Roberto Barros: Não lembro exatamente o ano, mas acho que foi em 2002. Fui para a Expo Music, eu estava sentado perto do portão de entrada. Eu estava com dois alunos, não tinha ninguém ainda.

Então, sentei e coloquei a mão para trás. Eu não vi, mas estava com a mão em cima do trilho do portão. Um bombeiro que estava chegando para trabalhar abriu o portão e cortou na hora a ponta do meu dedo do meio da mão direita.

Dá para ver agora que ele ficou todo deformado. Esse dedo foi amputado, mas aí o mesmo cara que abriu o portão me socorreu, colocaram a ponta do dedo no gelo. Fui levado para o hospital, fiquei três meses lá.

Tive uma infecção na mão e no antebraço. Tive até risco de perder o braço. Foi terrível! Depois, voltei para casa e fiquei em tratamento por três anos. Hora ou outra dava infecção, tinha que fazer raspagem.

Na fase final era mais fisioterapia. Fiquei três anos sem tocar guitarra com a mão direita. Só usava a esquerda. Não dava! Eram três pinos que ficavam na minha mão. Até hoje eu não mexo o dedo, é uma pedra.

Ao fim do tratamento, abandonei, vi que não teria mais jeito. Percebi que meu dedo não ia mexer mais. Vi que não ia sentir a ponta mais. Era muito doloroso o tratamento. Então depois me adaptei.

Depois de três anos sem tocar, voltei e no começo foi terrível! Minha técnica de mão direita estava totalmente atrofiada. Comecei um trabalho... Falei “vou ficar bom nisso de novo!”. Botei na cabeça.

Virou uma meta, fiquei alucinado com isso. Hoje, para muitas pessoas virei uma referência na palhetada alternada. É muito louco, ao fim desses três anos, minha técnica de qualidade era ridícula! Perdi toda a coordenação motora.

Fiquei alucinado para voltar e virou uma obsessão. Graças a deus, vinte anos depois, as pessoas me consideram como referência. É legal, uma história de superação. Eu e minha família sofremos muito na época.

Não tínhamos muitas condições. Moro em Cubatão, tinha que subir a serra para chegar no hospital Mandaqui. Era uma grana que não tínhamos, mas tudo isso vem para fortalecer.

Gustavo Maiato: Falando em história de superação, tem aquela história que você estava desiludido com o mercado do rock/metal e quase cortou o cabelo para tocar sertanejo. Então, o Edu Falaschi te ligou e o resto é história! Como foi essa história?

Roberto Barros: Ali foi uma situação muito interessante. Eu e minha família temos uma resiliência muito grande. Minha mãe é psicóloga e nos ensinou a ter uma mentalidade muito blindada e forte desde cedo.

Inclusive, tenho que controlar isso às vezes. Mesmo assim, chegou um momento da minha carreira que as coisas não aconteciam. Eu pensava em desistir da carreira de rock. Comecei a duvidar de mim.

Eram tantos anos tocando... Resolvi virar a chave e tentar outros estilos. Fui para o jazz, sertanejo. No Jazz, comecei a ganhar muito dinheiro. Fiz alguns vídeos, mas como entrei de cabeça, pesquisei muito e enchi de alunos pagando em dólar!

Divulgava no Facebook, começou a encher de gringo! Cheguei a ter vinte alunos pagando em dólar. Cada um pagava uns cinco meus aqui no Brasil. Comecei a ver minha carreira indo para outro rumo.

Comecei a ficar alucinado para ir morar nos Estados Unidos. Comecei a fazer o corre para isso. Na época, meu pai tinha um ótimo emprego e ia me ajudar nos primeiros meses lá. Mas ele ficou desempregado e foi um baque.

Sem aquela ajuda, ia ser difícil eu ficar lá com minha família. Isso foi mais um baque. Não deu certo no rock, depois queria ir morar em Boston, porque lá tem uma concentração de guitarristas de jazz moderno, mas deu errado também.

Entrei numa neura! Eu tinha vários convites de bandas grandes de sertanejo para entrar. Tinha tocado em bandas do gênero já, mas estava pintando convite de duplas grandes. Eu sabia que nessas bandas, esses caras têm um certo preconceito.

Eu sentia isso. “O cara é cabeludo, não vai ter o swing”. Resolvi que ia cortar o cabelo, deixar arrepiadinho e entrar no mundo do sertanejo, como sideman. Já tocava no gênero, viajei o Brasil tocando.

Mas a ideia era ir para as cabeças. Queria me dedicar para entrar nas bandas grandes. Eu estava decidido que ia cortar o cabelo. Marquei com a Rose, minha cabeleireira aqui da minha rua.

Ela falou “Não acredito! Não faz isso!”. Eu estava muito movido por essa decepção de não ter dado certo no metal nem no jazz. Cortar o cabelo seria o começo de uma nova história. O fechamento de um ciclo.

No dia que eu ia cortar, o Edu me ligou! Ele falou “Aqui é o Edu Falaschi, me passaram seu contato, vi seus vídeos, queria saber se você não está afim de fazer parte da nossa turnê”. Eu só chorava! “Sofri até o último minuto!”

Gustavo Maiato: Foi bom sua mãe ter insistido em fazer você um cara resiliente...

Roberto Barros: Sim! Foi muito louco. Temos uma formação mental muito forte, resisti até onde deu. Quando chegou no fim, decidi mudar de área, ia ser sideman e me dedicar ao violão sertanejo.

No último momento o Edu me ligou. Parece que veio de Deus. Esperar até ver onde eu aguento. Minha mãe fala que meu anjo da guarda é muito forte e resolveu ajudar esse cabeludo!

Gustavo Maiato: Seu estilo principal é o power metal. Quais seriam os guitarristas ou discos do estilo que você considera que mais influenciaram você?

Roberto Barros: Na verdade, não me considero um guitarrista de power metal! Na real mesmo, a única banda de power metal que eu ouvi na minha vida foi Angra. Só fui ouvir depois de muito tempo.

Meu começo foi no hard rock. Eu era apaixonado pelo Slash, do Guns N’ Roses, depois fiquei apaixonado por Dr. Sin, Mr Big, Racer X. Não gostava de power metal. Nunca falei isso em uma entrevista.

Quando um amigo meu me apresentou Angra, lá para 2001, foi quando eles lançaram o single do “Acid Rain”. Lembro que fui pesquisar no Whiplash, ouvimos e me apaixonei. Adorei essa guitarra bem virtuosa.

Essa música não é um power metal, ela tem uma pegada hard rock. Uma coisa que eu gostava muito era o vocal, sempre gostei muito. Amo hard rock até hoje por causa desses vocais poderosos!

Quando ouvi o Edu, na minha cabeça, era algo diferente. O power era algo mais gritado, não me comunicava muito com isso. Não entendia muito bem. Quando ouvi o Angra, foi com a voz do Edu. Não conhecia nada de antes. Era uma voz poderosa, então fui buscar as coisas que ele lançou antes.

Fui ouvir o Symbols e tudo mais. Quando saiu o “Rebirth”, me apaixonei. Ouvi também Symphony X na época, mas eles foram mais para o prog. Não conheço nada!

Gustavo Maiato: Essa vai ser a manchete da entrevista!

Roberto Barros: Juro por Deus! Mas tenho total respeito, hoje em dia conheço os sucessos do Helloween e tudo mais. O Angra foi uma grande influência nesse sentido. Gostava muito também de Dr. Sin. Adorava o disco “Brutal”. Também ouvia muito Dream Theater. Só os guitarristas geniais!

Gustavo Maiato: Provavelmente você se atraiu muito pelos guitarristas dessas bandas...

Roberto Barros: Total! Depois quando eu tinha uns 21 anos, fui me apaixonando por death metal. Bandas como o próprio Death, fui ouvindo essas coisas. Depois fui para o death sinfônico, ouvi muito Children of Bodom.

Gostava desse som brutal e rápido, mas com técnica. Fui para o technical death metal, isso é basicamente o que eu ouço até hoje de rock e metal. Ouço um pouco de djent também, mas power mesmo era só Angra.

Gustavo Maiato: Qual artista que você gosta que as pessoas achariam estranho descobrir?

Roberto Barros: Eu amo death metal, mas tem um certo paradoxo aqui, porque eu amo ouvir Adele também! Sou apaixonado naqueles dois discos dela. Gosto também de uma banda de blues chamada The Bros. Landreth.

É um pop romântico, adoro esse trabalho deles. Ninguém acharia que eu gostaria disso! A Adele eu acho genial, uma interpretação... As músicas têm arranjos simples, mas profundos. Gosto de ouvir bastante isso!

Gustavo Maiato: Muitos guitarristas famosos do metal brasileiro como Marcelo Barbosa, Eduardo Ardanuy e você mesmo também são professores. Você entende que isso é um caminho natural? As pessoas buscam a técnica que vocês têm?

Roberto Barros: Todo guitarrista de rock no Brasil sabe que é muito difícil viver exclusivamente de shows. Acabamos seguindo essa carreira didática também. O Marcelo Barbosa tem uma rede de escolas, por exemplo.

O músico precisa do palco, difícil alguém falar que não gosta. Precisamos desse momento artístico que nos completa. Com o contato do público. Não é só uma opção por conta financeira, eu gosto muito de dar aula.

Gosto de ver a transformação de muitos guitarristas que eu pude ser o mentor. Isso é muito gostoso. Acho que guitarristas um pouco mais técnicos chamam mais a atenção, isso acaba te dando muito aluno.

O Edu Ardanuy, por exemplo, sou muito fã dele. Lembro que ele estava em todas as revistas! Ele e o Kiko Loureiro. A técnica chama muito a atenção, desde a música clássica. Paganini foi um rockstar, ficou rico, abriu cassino.

Ele tocava na festa de príncipes e reis. Todo lugar que ele tocava, enchia muito. A técnica aliada com a musicalidade e composição chama atenção. Isso te traz muito aluno, seja no rock ou no jazz também.

Conheço guitarristas e saxofonistas de jazz que são muito técnicos e lotados de aluno! A galera quer entender como o cara chegou naquele nível! Não gosto muito de falar “técnica” porque esse termo é algo abrangente.

O virtuosismo em si chama atenção desde os primórdios. O Chopin e o Franz Liszt são dois caras que na época competiam praticamente. Eles eram incríveis e eram extremamente técnicos. Mas eles tinham um nível de composição absurdo também. O próprio Paganini, o Bach... Técnica sempre será um bom marketing.

Gustavo Maiato: Qual música do novo disco você mais quer tocar ao vivo?

Roberto Barros: Quero muito tocar a “The Ancestry”, ela é muito extrema! Quero tocar as mais difíceis. A “Land Ahoy” tem aquele violão complexo também. “Crosses” e “Face of The Storm” também.

Inclusive, quero explicar sobre a agenda de lançamento das minhas playthroughs. Comecei agora a escrever meu songbook, cada música é tipo três dias corrigindo.

Vou tirar junho para reestudar as músicas e gravar os playthroughs. Em julho, ficarei 1 mês estudando e compondo um disco que vai sair em parceria com o Aquiles Priester. Não é meu disco solo, mas é nosso em parceria.

Nos momentos que eu estiver de boa nesse sítio, vou editar os vídeos que gravei em junho. Volto em agosto e então vou começar a soltar os playthroughs, vídeos das gravações do “Vera Cruz”.

O segundo semestre vai ser todo para soltar isso. Não quero soltar agora, acredito que o hype do disco agora já está gigante. Não preciso de outro hype, é uma questão de estratégia. O disco já me faz dar entrevista e tudo mais. Estou tirando esse momento para monetizar.

Se eu fosse me preocupar em fazer vídeos, ia tirar minha atenção desse momento de monetizar. Até agosto, o hype deve baixar um pouco, aí os vídeos vão dar um outro hype. Vou aproveitando uma coisa por vez.

Gustavo Maiato: Poderia deixar uma mensagem para seus fãs e para o pessoal do meu site e do meu canal? Ah, temos planos de turnê já?

Roberto Barros: Quero agradecer a você pelo espaço aqui no canal! Isso é muito importante para a gente. Esse espaço para contar histórias, planos e sonhos.

Ainda não conversamos sobre expectativas de turnê. Na verdade, eu nem entro muito nessa parte. Quem cuida disso é o Edu e o empresário. Eu sei o meu lugar. Tenho abertura para isso, mas não me meto nessa parte do business.

Agora, olhando o cenário do Brasil, estamos vendo que a vacinação está muito difícil. Somos um país moralista também. Apesar de sermos liberais em alguns aspectos. Tem esse contraponto.

Mesmo depois da vacinação, acho que a mídia vai jogar muito contra os eventos. Não é igual nos EUA que os caras vacinaram e já está tendo turnês, evento de UFC com 16 mil pessoas sem máscara. É outra mentalidade.

Aqui não entendo muito bem. Se até o final do ano todos estiverem vacinados, acho que vai rolar ainda uma forte campanha contra da imprensa para não ter eventos. Queria muito voltar esse ano ainda, mas meu coração diz que as turnês voltarão só no segundo semestre de 2022. Tomara que eu esteja errado!

08 Jun 2021

"Trinta segundos do 'Vera Cruz' levava três dias para ser escrito!" - Entrevista com Roberto Barros (Edu Falaschi)

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