30/11/2021 às 20:25 Entrevistas

Entrevista com a banda brasileira Hellish War

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A banda brasileira Hellish War possui uma longa trajetória de sucesso, incluindo gravação de álbum ao vivo na Alemanha e participação de Chris Boltendahl (Grave Digger) na música "Warbringer".

Bati um papo exclusivo com o JR (baixista) e com o Vulcano (guitarrista) e eles contaram sobre planos para o futuro, inspiração para as músicas e muito mais! Boa leitura!

Queria começar perguntando sobre “Wine Of Gods”, último álbum da banda. O som é bem característico dos anos 1980, com riffs marcantes e uma pegada com velocidade. Quais foram as principais inspirações na hora de compor e como vocês avaliam a recepção do público?

JR: É um prazer poder conceder esta entrevista a você, Gustavo. Obrigado pelo convite! Bom, nossa inspiração vem naturalmente, nós não pensamos muito nisto quando vamos compor. Apenas nos juntamos e as músicas vão saindo. O ambiente em que estamos acaba por nos inspirar. Nos isolamos em um sítio para compor, o que nos deu tranquilidade para testar diversas ideias. Já com relação a recepção, tem sido excelente. "Wine Of Gods" tem sido eleito nosso melhor trabalho até o momento.

“Wine of Gods" foi feito com ajuda de recursos disponibilizados por um edital da Secretaria de Cultura de SP, como foi essa experiência?

Vulcano: Foi uma experiência muito valida e de valorização ao som autoral. Nossa produtora Som Do Darma nos proporcionou esse privilégio e fizemos por merecer essa conquista cumprindo todos requisitos para que o CD fosse realizado.

JR: Claro que foi muito lisonjeiro termos ganho o edital, mas foi uma pressão grande para entregarmos o material. Tínhamos um deadline de seis meses para compor, gravar, produzir, lançar e fazer os shows de lançamento. Então foi uma correria gigantesca, a qual não estávamos acostumados. Tanto que teve música que só fomos ouvir inteira, com todas as partes, quando pronta. Mas esta pressão refletiu positivamente no resultado do álbum. E pretendemos participar de outros editais no futuro.

Um dos destaques do álbum foi a participação ilustre de Chris Boltendahl, do Grave Digger, na música “Warbringer”. Como surgiu a oportunidade para essa participação? Como foi essa experiência de ter uma das grandes vozes do metal internacional no disco?

JR: Sim, ter o Chris foi a cereja do bolo. A ideia surgiu durante o processo de composição, tivemos a ideia de ter uma participação especial nos vocais. Quando fizemos a “Warbringer”, ela tinha essa vibe Grave Digger, então foi muito natural convidarmos o Chris. Entramos em contato e ele prontamente nos respondeu, curtiu a música e aceitou o convite. Quando recebemos as gravações dele, apenas a voz, foi muito louco ouvir aquilo. Ele é um grande ídolo para nós. Foi sensacional.


A música “Trial by Fire” fala sobre a Santa Inquisição. Como surgiu a ideia de tocar nesse assunto? Qual o papel da religião na sua vida e como você enxerga a religião na sociedade?

JR: A ideia veio do Bil (Martins, vocalista), ele que teve a ideia de falar sobre este assunto. Apresentou a letra e curtimos demais. Falo por mim, a religião não tem espaço na minha vida. Tenho minhas crenças, acredito que exista algo maior que nós, uma energia que move o mundo, os planetas, etc. Não acredito na bíblia, por exemplo, mas acredito que a fé é importante para o ser humano e muitas pessoas se agarram a ela para viverem suas vidas, porém, qualquer fanatismo que cegue a lógica acaba por ser prejudicial.

Já “Devin” remete aos tempos das invasões napoleônicas. Podemos dizer que o disco abarca uma quantidade bem grande de temas, certo? Qual foi a inspiração para essa música? Como você decide se algo que chega até você é digno de virar música? Hoje em dia, somos bombardeados com muitos assuntos!

JR: É, realmente este disco tem diversos temas. É bem diversificado. Quem fez a letra da “Devin” foi nosso baterista, Daniel Person. Ele morou por um ano na Bratislava, Eslováquia, que é onde fica o castelo de Devin. Ele visitou o local e por ter morado um bom tempo lá, acabou por absorver a cultura. Leu sobre o assunto e nos propôs fazer uma música com este tema. Ficou excelente a letra e a utilizamos. Bom, não temos uma deliberação sobre o que vira ou não música, geralmente em um processo de composição nós vamos avisando uns aos outros sobre quem está escrevendo tal letra, ou quem já tem uma letra que pode ser utilizada para determinado som. Se algo apresentado não for considerado bom, vamos lapidando até chegar na ideia proposta. 


O Hellish War tem em sua discografia o disco ao vivo “Live in Germany”. Como foi essa experiência? Alguma história curiosa?

JR: A experiência foi demais. Poder gravar um disco ao vivo, fora do Brasil ainda! Foi uma realização para a banda toda. E sempre tem histórias curiosas quando cinco malucos viajam o Atlântico para fazer shows fora de seu país (haha). Mas somos comportados, no máximo algumas bebedeiras aqui e ali. Com relação ao disco em si, foi bem tranquilo. Estávamos bem ensaiados, nosso entrosamento estava 100%.

Vulcano: Foi nossa primeira tour em 2009 passando pela Alemanha, Bélgica, Suíça, Holanda e França. Cada país teve uma experiencia única, sendo que, na Suíça, fomos recebidos com posters e uma bancada para autógrafos, algo bem surpreendente pra nós na época, fora as cervejas que tomamos sem álcool que não sabíamos. (risos)

Enfim, no geral fomos muito bem recebidos em cada pais como Rock Stars do metal e fizemos jus a isso tocando nosso som da maneira mais profissional possível.

Vocês estão na estrada há cerca de 20 anos! Quais foram os principais ensinamentos e lições aprendidas nesse caminho em relação à indústria da música e como fazer metal no Brasil?

JR: São 25 anos pra ser mais exato. O aprendizado é constante. Hoje estamos tentando aprender com as mídias sociais, que é o que expõem a banda nos dias atuais. Mas aprendemos a como não fazer determinadas coisas, a evitar um show que é furada. Com relação a indústria, vimos como ela foi frágil na virada do século e como ela não se preparou para o que estava por vir. E por fim, fazer metal no Brasil é uma batalha. Temos uma cultura popular que marginaliza o rock, o metal e este é o maior desafio: conseguir ser visto, mesmo que no underground. Mas gostamos do que fazemos e o importante é agradar a nós mesmos e quem curte a banda.

Vulcano: Primeira coisa é o amor pelo metal, pois ficar rico ninguém fica no Brasil. Aprendemos que o heavy metal nos ensinou a ter uma ideologia mais forte dentro do estilo. Por isso que tocamos até hoje e fazemos álbuns, para fortalecer os poucos ou muitos que ainda gostam do metal!


O álbum “Heroes of Tomorrow” é o de maior sucesso até agora da carreira do Hellish War, com clássicos como "Metal Forever" e "Destroyer". Quais memórias você tem da composição e gravação desse disco? Qual a importância dele para a carreira da banda?

JR: Bom, ele foi um disco que levou sete anos pra ser lançado. Chegamos a gravá-lo três vezes. E devido a problemas com a gravadora que estávamos na época, ele não foi lançado quando deveria. Após encerrarmos o contrato, é que ele conseguiu ver a luz do dia. Nas primeiras sessões que ocorreram em São Paulo, e não foram utilizadas, foram as mais memoráveis. Pois tínhamos que dormir no estúdio, então estávamos sempre juntos compartilhando historias com o produtor, ficando trancados no estúdio (em um dos dias o produtor foi embora e levou a chave), cozinhado sem sal (haha). A importância dele pra banda foi o salto que demos entre o Defender e ele, onde melhoramos a qualidade de gravação e execução. Principalmente na cozinha da banda. E foi neste álbum que tivemos a oportunidade de fazer nossa primeira turnê pela Europa, em suporte dele fomos convidados para fazer o Garage Hold Festival na Paraíba, entre outros.

Quais são os planos para a banda em 2022? Os fãs podem esperar o lançamento de um disco de inéditas?

JR: Sim, 2022 teremos algo inédito. Estamos pensando em lançar algo apenas de forma digital. O foco atual tem sido nosso canal no Youtube: hellishwarofficial. E pretendemos continuar a postar material com frequência. Temos também nossa própria cerveja, que está em processo de lançamento. Fizemos dois estilos, Weiss e Lager. Enfim, temos planos para o futuro pós-pandemia. Não sei se até lá teremos um novo álbum, mas músicas inéditas com certeza.

Por favor, deixe uma mensagem final para seus fãs e obrigado pela entrevista!

JR: Apenas agradecer pelo espaço cedido e agradecer a todos nossos fãs pelos anos de dedicação e apoio. Metal Still Burns!!

Vulcano: Queremos dizer que o Hellish War sempre estará fazendo seu melhor para que os fãs do metal não parem de curtir. Abraço e longa vida ao Metal!

30 Nov 2021

Entrevista com a banda brasileira Hellish War

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