26/01/2023 às 20:13 Entrevistas

Entrevista com Carl Johan Grimmark (Narnia)

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Carl Johan Grimmark é guitarrista da banda de metal cristão Narnia, que está lançando o novo álbum “Ghost Town” no dia 17 de março. Conversei com ele sobre esse registro inédito e também sobre outros projetos musicais e as referências do mundo cristão na cultura pop. Boa leitura!

Você participou do projeto “Martin Simson's Destroyer of Death”. Já são duas músicas lançadas. A música “Master of All” tem participação especial do Jorn Lande. Como você avalia a participação dele?

O Martin Simson veio com a ideia inicial do tema da letra. O assunto principal é a Fé Cristã e tudo isso. Então, o Jorn Lande reescreveu algumas partes e deixou de forma que ele conseguisse se expressar melhor. Ele tem um grande respeito pelo cristianismo de forma geral, mas não se considera cristão. Ele não compartilha nossa fé, não fica muito confortável em ‘pregar’. Portanto, decidiu colocar as palavras de forma a se alinhar mais com o pensamento dele, mas sem se desviar muito do nosso.

Para ele, significa uma coisa. Para nós, algo diferente. Mas todos nós estamos juntos! [risos]. No final, conversamos sobre como deveria ficar e acabou que ficou muito bom. Ele fez um ótimo trabalho! É um cara muito talentoso. Ficamos felizes com isso.

Ele reescreveu bastante coisa, mas se baseou no que já estava escrito. Ele é o tipo de cara que olha para a performance como um todo. Ele quer que a melodia soe bem, mas que as palavras que são ditas também soem bem. Ele gosta de colocar seu toque nas coisas. Todas as frases foram filtradas pela maneira que ele reescreveu.

A próxima música do projeto será a “Rapture”, com Rex Caroll, guitarrista do Whitecross, como participação especial. O que você pode comentar sobre esse novo hit?

Essa música será lançada dentro do próximo álbum. Vamos lançar em breve quando estiver pronto. O Rex é um dos grandes guitarristas dentro do rock cristão. Sem dúvidas. No geral, ele é um músico excelente. Ouvi ele quando era adolescente e é legal demais trabalhar agora com ele. Já nos encontramos em festivais por aí, mas é a primeira vez que trabalharemos juntos. Ele é um cara muito legal.

Como você avalia o novo álbum do Narnia, que se chama “Ghost Town” em comparação com os outros registros da banda?

Acho que ele é uma mistura do nosso álbum anterior, “From Darkness to Light”, só que menos progressivo e sinfônico, com nosso disco “'Narnia”, que lançamos depois de voltar de nossa pausa. Só que é mais agressivo. Tem um pouco desses dois, mas com um toque do “Course of a Generation” também. Ele tem riffs agressivos e soa como nós. Acho! [risos]. É uma mistura do que fizemos. Também retornamos com a pegada neoclássica, coisa que não fazemos tem tempo! Todos vão sair felizes!

Será um álbum conceitual dentro do universo cristão?

As músicas funcionam de forma individual. Posso dizer que é nosso álbum mais bíblico. As letras que escrevi são conectadas com versos da bíblia. Você consegue descobrir isso ao ouvir. Essa é a forma que escrevi. Os outros caras foram por aí também. É uma mensagem cristã clara. Não falamos muito sobre as coisas do dia a dia. É difícil de descrever, mas não é um disco conceitual.

Como foi o processo de escolha das músicas que fizeram parte da compilação “Soli Deo Gloria”? Alguma música ficou de fora?

Pelo que me lembro, não foi muito difícil. Acho que uns 90% foram bem fáceis de selecionar. Depois, para o restante, tivemos algumas conversas. Algumas horas para decidir. Sou feliz com o disco. Precisei desistir em uma ocasião. Uma das músicas eu não queria incluir, mas todos os outros quiseram. Falei que seria um erro! [risos]. Não vou dizer qual música é! Mas esse é o tipo de discussão que tivemos.

Na sua visão, está mais fácil ou mais difícil falar sobre mensagens cristãs no rock hoje em dia se comparado com o início da sua carreira?

Acho que depende do lugar. Vivo na Noruega e é diferente da Suécia. Nós somos suecos e na nossa sociedade é mais difícil de certa forma de falar sobre isso. Não é difícil de falar: ‘Sou um cristão’. Isso é tranquilo. Mas se você entra em certos assuntos, pode ser algo controverso. Não acho que em geral falar sobre cristianismo dentro da comunidade do rock está mais difícil hoje do que antes. Há uma certa abertura para assuntos espirituais de maneira geral hoje em dia. Isso abre portas para nossa mensagem de certa forma. Posso estar errado! [risos].

Você já vivenciou preconceito por tocar rock cristão?

Já tivemos batalhas grandes que enfrentamos ao longo dos anos! Mas simplesmente decidimos nos manter firmes no que fazemos. Se algo nos causa problema, não vale a pena o esforço. Temos um tempo definido aqui na Terra e já vivi cerca de metade dela, acho eu. Não posso viver o resto dela lutando contra as coisas. Mas sim, já vivenciamos muita resistência.

A banda Narnia tem o nome baseado no livro “As Crônicas de Narnia”, do C. S. Lewis, que tem uma alegoria cristã dentro. Quais outros produtos da cultura pop você enxerga esse tema religioso por trás?

Acho que os paralelos entre as ‘Crônicas de Narnia’ e o cristianismo são tantos que digo que ele é sim um livro cristão. É muito claro! Os símbolos estão em todo lugar. Acho que o paralelo mais forte nesse sentido vem do ‘Senhor dos Anéis’. Tem muita coisa de cristianismo lá, só que menos do que em ‘Narnia’. A batalha entre o bem e o mal está lá sempre. Tem o Gandalf que cai no penhasco e volta para a vida. É uma das passagens mais claras que se referenciam ao cristianismo na cultura pop. Agora, acho que existem cada vez menos filmes que falam sobre isso. Tem o filme ‘O Livro de Eli’ também que fala sobre isso. Ele tem uma mensagem forte e o final é espetacular. Só que já tem uns 15 anos esse filme”.

Você toca muitos instrumentos como guitarra e teclado. Como é administrar todas essas funções? É um grande desafio?

Não me considero guitarrista e sim músico. Acho que toco teclado já tem mais tempo. É natural para mim tocar o teclado. Aqui no meu estúdio tem os dois instrumentos. Tem também um baixo em algum lugar. Sempre achei divertido tocar baixo. Acho que toco melhor do que guitarra até! [risos].

Quais são os 5 discos que mais te representam?

Bom, acho que conseguiria dizer uns 15. Definitivamente, preciso escolher algum do Yngwie Malmteen. Podia ser qualquer um dos primeiros. Talvez ‘Odyssey’ ou ‘Eclipse’. O ‘The Final Countdown’, do Europe. Foi lá que descobri o hard rock quando era criança. O ‘Images & Words’ ou ‘Six Degrees of Inner Turbulence’, do Dream Theater. Também o ‘So’, do Peter Gabriel e o ‘The Division Bell’, do Pink Floyd.

E álbuns cristãos?

Isso pode soar ofensivo para alguns, mas acho que não consigo chegar nem a 5 discos cristães! [risos]. Eu cresci ouvindo música secular e é isso que me afetou musicalmente. Essa é minha fundação. Minha inspiração vem da minha fé, claro. Eu não faria música se não fosse para espalhar o que acredito. Agora, sobre inspirações musicais, isso não veio da música cristã.

Você já encontrou ídolos em festivais?

Sim! Já encontrei muitas pessoas legais nesses anos. Não sei nem onde começar! [risos]. Os backstages de festivais são legais, você vê coisas legais e consegue conversar. Tem coisa que você vê, mas deseja não ter visto. Teve uma vez, que fizemos uma turnê com o Dio no final dos anos 1990. Conversamos muito e lembro de uma noite em que o Dio estava contando histórias dos anos 1970. Ele estava sentado numa cadeira e nós éramos umas 10 pessoas sentadas ao redor dele ouvindo! [risos]. Ele falou sobre os tempos do Rainbow e Black Sabbath. Foi muito legal ouvir histórias de metal de um dos caras que inventou isso.

26 Jan 2023

Entrevista com Carl Johan Grimmark (Narnia)

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