02/09/2022 às 23:55 Entrevistas

Entrevista: Prika Amaral (Nervosa)

356
14min de leitura

A guitarrista Prika Amaral é uma das mais importantes personalidades do heavy metal brasileiro no exterior atualmente. Conversei com a líder da Nervosa sobre a turnê na América Latina que se aproxima e sobre sua carreira de sucesso. Boa leitura!

Recentemente, a baterista Eleni deixou a Nervosa e a Nanu entrou no lugar. Como foi essa troca?

A Nervosa é muito intensa nas atividades e ela está fazendo um tratamento de saúde, não ia conseguir acompanhar. Ela preferiu trocar por outro projeto que trabalha mais com gravações e turnês muito curtas. Pouquíssimos shows por ano. Isso encaixa mais com o que ela precisa, com essa situação da saúde dela.

Como está sendo agora com a Nanu?

Ela já era uma baterista que eu admirava e seguia no Instagram há muito tempo! Inclusive antes de conhecer a Eleni! Era uma das minhas opções favoritas para entrar na Nervosa, mas por questão de logística e localização acabei nem entrando em contato na época. Seria impossível logisticamente. Agora, como teremos uma turnê na América Latina, seria legal ter uma latina com a gente.

Uma passagem da Argentina para a Europa ou da Europa para o México são valores parecidos. Como a Eleni não podia fazer a turnê na Europa, comentei com a Nanu e ela disse que estava se mudando para a Europa! Tudo casou perfeitamente.

A Nervosa está preparando surpresas para essa turnê na América Latina? Como está a preparação?

A ideia do novo line-up era fazer a primeira turnê na América Latina, mas por questões de restrições da covid, não rolou. Quando começava a segunda onda na Europa, um mês depois começava na América Latina. Agora, finalmente vai rolar. No final de 2022 marcamos, porque seria mais seguro.

Foi a melhor escolha, já temos experiência de palco e tocando melhor. Estamos preparando um setlist completamente especial, com várias surpresas mesmo! Vai ser uma turnê para entrar para a história! Estamos colocando todas as fichas.

Esse ano a Nervosa completa 10 anos da primeira demo. Quais memórias você tem dessa época?

Nossa, são muitas lembranças! Lá estão as raízes da Nervosa, onde tudo começou. Com essa demo que a Nervosa se construiu, ainda com outra vocalista antes da Fernanda Lira. É muito importante olhar para trás para aprender com tudo e ver nosso progresso e evolução como musicista e pessoa.

É um momento de muita reflexão e comemoração. Estamos aí! Fortes e sobrevivendo. Nunca desistindo e batalhando muito. Vai rolar uma comemoração, te adianto isso!

Como surgiu o nome “Nervosa”? Vocês chegaram a pensar outros nomes?

A gente tinha outro nome antes! Se chamava Bitter Femme! Não gostávamos do nome, queríamos um nome só, sabe? Queríamos um nome que fosse agressivo. Comecei a pensar. Sabe um nome que é perfeito? Sepultura! Se eles não tivessem pensado antes, colocaria esse nome! Principalmente porque é uma palavra no feminino. Comecei a pensar, mas não achávamos. Eu e a baterista Fernanda Terra pensamos muito. A Fernanda Lira não estava ainda.

Um dia resolvi mandar a “Time of Death” para um amigo meu. Ele me respondeu dizendo: “Nossa, esse som é nervoso, hein?”. Aí pensei! Está aí! Nervosa! Um nome agressivo, feminino, que todos os idiomas podem entender o que significa mais ou menos. Demos risada, porque é meio engraçado! Nervosa!!! Mas super gostamos! Todos compreendem.

O que temos que explicar é porque no português e nas línguas latinas existe gênero para as palavras. Então precisamos explicar que “Nervosa” seria como “Angry”, só que para uma mulher. Aí todo mundo entende.

Como foi seu início dos estudos na guitarra?

Comecei a tocar em 1999. Meu pai tinha um violão em casa e sempre quis tocar. Meu pai tinha um violão em casa. Eu via os meninos na escola tocando e todos sentados em volta. Achava aquilo muito legal. Sem contar que meu pai também tocava muitas coisas. Sempre gostei muito de música. Minha família é muito musical.

Eu já estava inserida. Quando era criança, vivia para cima e para baixo com um microfone ou um pianinho! Tudo o que é instrumento de criança! Adorava caixinha de música! Quando estava pré-adolescente, veio o metal na escola – com amigos e primos. Achava massa essa coisa agressiva. Faz parte da adolescência, né? Essa agressividade e energia. Comecei a pesquisar e gostar cada vez mais.

Um dia peguei o violão do meu pai e disse que queria aprender a tocar. Ele ficou super feliz, pegou o violão e começou a tocar! Eu achando bacana, achei que ele fosse me ensinar a tocar. Aí ele falou: “Toma, aprende!”. Fiquei tipo: “Mas como que faz?”. Ele disse que aprendeu sozinho, então eu também poderia! Aí, me apresentou revistinhas com cifras. Ele curtia sertanejo, falei que não curtia essas cifras! Comprei umas revistinhas com rock e pedi para amigos songbooks do Metallica.

Uma das primeiras músicas que aprendi a tocar foi “Seek And Destroy”. Falei: “Isso é muito legal! Comecei a fazer todas as palhetadas. Super divertido. Nunca fui de tirar cover. Estudar uma música inteira é muito sacrifício. Me tira a vibe. Não gosto de ficar memorizando. Se eu gosto de um riff, vou lá e aprendo aquele riff.

Tentei montar uma banda só de meninas chamada Kaostone's, mas não deu certo. Eu morava em uma cidade pequena chamada Bragança Paulista. Era pequena, tinha poucas meninas. Fui em escolas de música buscar meninas, mas não rolou. Fizemos uns dois ensaios, mas uma queria tocar Iron Maiden, outra Slayer ou Blink-182! Não fazia sentido nenhum.

Desisti e fui tocar com amigos em garagem. Tive uma banda punk e comecei a me profissionalizar. Tocamos com bandas como Cólera. Tocamos no Black Jack, em São Paulo. A banda se desmanchou porque todos tinham família e trabalho.

Continuei buscando, mas minha cidade não tinha lugar. São Paulo era longe. Quer saber? Resolvi ir para São Paulo. Aí, montei bandas antes da Nervosa. Toquei no Lama Negra, fizemos uma turnê até Minas Gerais. Era outro ritmo. Já tinha a Nervosa e resolvi me dedicar. Tive outros projetos junto da Nervosa, mas nunca deu certo. Minha energia sempre esteve na Nervosa.

Você não tem muitas colaborações com outros artistas, né?

Sim! Basicamente cuido de tudo na Nervosa. Antes, tinha divisão de tarefas. É muito trampo, cara. E o tempo que temos livre, queremos fazer outras coisas. Encontrar com os amigos, fazer uma viagem, ficar com a família.

Há um tempo, sentia uma necessidade enorme de fazer outras coisas. De tocar outras coisas e ter experiência de tocar com outros músicos. Mas como trocou toda a formação da Nervosa, já estou tendo essa experiência de tocar com outros músicos! Aprendi que se tenho vontade de tocar outro tipo de som, vou incluir na Nervosa. É por aí, sabe.

Você nunca pensou em cantar mais na Nervosa?

Sou backing vocal, na demo já tinha uns gritos meus. Na “Time of Death” tem coisas que faço sozinha. No disco “Victim of Yourself” dá para ouvir voz minha na “Deep Misery” e na “Urânio Em Nós” tem coisas também. Tem em algumas músicas que não lembro. Só no “Perpetual Chaos que não fiz nenhum tipo de vocal, porque o tipo de voz da Diva Satânica é parecido com o que faço. Eu já estava cuidando de muitas coisas! Não vi necessidade. Também quis dar mais espaço para ela. Mas em um próximo disco, com certeza vou voltar a fazer alguma coisa!

Quais as diferenças entre as vozes da Diva e da Fernanda Lira?

Todo mundo é capaz de cantar todas as técnicas que existem. Se um ser humano é capaz, acredito que todos os outros também são. Claro, se você tem saúde e tudo mais. É uma questão de escolha e estilo. Tem a ver com gosto e opinião.

Sempre imaginei para a Nervosa uma vocalista cantando mais grave e gutural. Mas achava interessante a voz da Fernanda por ser única. Ela canta de um jeito muito diferente de tudo. Trazia uma personalidade diferente para a banda. Agora, gosto particularmente de frequências mais graves. Não só para a voz. Quando começamos a Nervosa, decidi que a banda tocaria em Dó – dois tons abaixo do normal! Gosto do que soa mais grave, acho mais confortável para meus ouvidos.

O disco “Perpetual Chaos” fala que a humanidade não vai aprender com os erros. Como achar forças para passar essa mensagem entendendo que nunca vamos melhorar?

A pandemia trouxe esse sentimento de que a humanidade nunca vai aprender com os erros de maneira forte. Não pela doença em si, mas pela reação das pessoas em relação a essa situação. Nosso próprio presidente, por exemplo, negou tudo o tempo todo. Com ações de egoísmo em plena pandemia ele fez protesto a favor da ditadura. Pelo amor de deus! Ninguém vai aprender com o erro não?

Também tem a questão das guerras. Agora, o que está acontecendo com a Ucrânia. Não aprendeu ainda? Já passaram tantas guerras. O ser humano nunca aprende. A ambição e egocentrismo sempre estará em primeiro lugar.

Agora, acredito nas pessoas. Em poucas pessoas. A maio parte das pessoas vão estar aí perdidas e cometendo os mesmos erros. Ser humano é cometer erros. Mas têm certos tipos de erros que você fica tipo... Por quê???

Lá atrás vocês foram anunciadas no Wacken 2020, mas veio a pandemia e não rolou. Agora, estão confirmadas no Wacken 2023. Qual a expectativa?

A expectativa está 1 milhão! O trabalho já começa agora, para chegar lá e arrebentar tudo! A Nervosa desde o começo trabalha para chegar nesse nível e não parar. Tocar em festivais. Estamos pensando o que preparar e como surpreender. Foi igual no Rock in Rio 2019. A felicidade está a mil. Nunca fui para o Wacken, não sei como é. Sempre ouvimos falar.

Vocês tocaram também no Masters of Rock 2022, né?

A experiência foi ótima. Já tínhamos tocado lá alguns anos atrás, mas dessa vez foi diferente. Todo o público estava lá para assistir a gente! Todo mundo cantando nossas músicas. Estava lotado! Tocamos no mesmo dia que o Judas Priest e Death Angels. Já conhecia eles e curtimos muito. Foi ótimo poder curtir isso de novo depois da pandemia. Agradeci muito cada minuto.

Alguma memória especial dessa ocasião?

O show do Judas Priest foi muito legal! Tínhamos o passe para entrar no backstage, mas na hora do show deles não queríamos assistir do palco não! Queríamos assistir de frente! (risos). Fomos lá para a frente assistir e foi sensacional. Foi o terceiro show do Judas que assisti e os caras estão detonando.

O Rob Halford está cantando absurdamente bem! É muito inspirador como um cara com a idade e experiência que ele tem está aí até hoje fazendo exatamente o que ele estava fazendo!

O disco “Perpetual Chaos” teve participações especiais. Para o próximo álbum, o que podemos esperar?

Temos algumas ideias, vontades e sonhos! Estamos colocando no papel, mas precisamos ver as músicas prontas para ver o que encaixa. No caso do “Perpetual Chaos”, quando fizemos a “Rebel Soul”, queríamos alguém com uma voz mais heavy metal, aí veio a ideia do Erik ‘AK’ Knutson. Encaixou perfeito! Primeiro vemos o resultado, depois vemos o que encaixa.

Como está o processo de composição?

Estamos compondo desde o ano passado. Esse ano tivemos uma atividade muito intensa, tocando quase todos os dias desde março! Está difícil. Agora, temo um break de 20 dias. Vou conseguir fazer mais alguma coisa. Depois, temo dezembro e aí no começo do ano devemos começar a gravar alguma coisa. Estamos no processo. Na metade, posso dizer.

Dá para cravar algum direcionamento musical?

Te garanto que estará bem variado. É um disco de thrash, mas com muitas outras influências. No caso de “Perpetual Chaos”, a “People of the Abyss” é mais death do que thrash, mas você encontra o thrash lá. Se você pega “Time To Fight”, ela é mais punk, mais tem power metal e thrash. Na “Rebel Soul”, é heavy metal. Essa variação vai continuar tendo. O próximo disco... Podem esperar! Estamos com vários planos!

A Nervosa já tem quatro álbuns. Será que é hora para um DVD?

Esse plano de gravar um DVD em São Paulo existia. Não foi possível, vocês vão saber o porquê. Gostaria que fosse no Brasil, para ser sincera. E que fosse em São Paulo, que é nossa casa. Vamos ver se vai ser possível!

Você posta muito sobre sua guitarra Kramer customizada. Poderia contar um pouco mais sobre ela?

Gosto de customizar tudo que tenho. A parceria com a Kramer começou em 2015. São 7 anos usando e é minha guitarra favorita. Já estamos pensando em fazer uma signature. Eles estão se recuperando da pandemia ainda. Gosto dessa Flying V, gosto do formato. Cabe certinho na perna. Ela encaixa bem na panturrilha também, não gira. É leve e resistente. Fiz várias turnês com ela e nunca empenou ou quebrou.

Troco os captadores dela. Originalmente, vem com os modelos 81 e 85. É legal, mas troco o 81 pelo 81X. Esse tem mais ganho e tem uma equalização mais aberta, com brilho e sustain, que é perfeito. Sempre instalo nas minhas guitarras isso.

Regulo minhas guitarras de maneira diferente também, porque uso o encordoamento de sete cordas da SG, só que tiro a corda do meio, a 0.26. Aí fico com as cordas mais graves e mais agudas. Isso requer uma regulagem diferente. A tensão fica diferente, fica muito mais tensionada em uma parte e menos na outra.

Tem uma ponte floyd rose. Gosto e uso, mas não muito. É legal porque ela segura afinação. Às vezes, só posso levar uma guitarra, então não posso correr risco de ficar desafinando. Ela afina uma vez e vai até o fim do show. Ela é perfeita, não quero nunca largar da Kramer! É um caso de amor (risos).

Quais distorções você usa?

Não uso pedal exatamente. Uso o amplificador Pedrone a distorção dentro é desenvolvida com outro engenheiro chamado Edu. Passamos 3 anos para desenvolver um pedal exatamente com o som que eu tinha na cabeça. Chegamos nessa distorção, aí a Pedrone botou dentro do amplificador a distorção. Depois, houve modificações no próprio amplificador. Ficou bem definido, com peso, acentuando as palhetadas. Agora, uso pedais de efeito para solo. Basicamente um delay, reverb e booster, além do noise gate. Sou do time da praticidade! Viajar com muita coisa, cheio de cabo, enche muito o saco! Vamos levar realmente o necessário!

Você nunca pensou em ter duas guitarristas na banda?

Lá no começo, a Nervosa tinha duas guitarristas. Até que a Karen saiu e resolvemos continuar como um trio. Era mais barato, conseguíamos fechar mais shows, viajar para mais lugares. Para dividir a grana era mais fácil também! Seguimos assim e foi um desafio bom. Me forçou a tocar coisas que não era minha praia.

Isso me fez uma guitarrista melhor, mas futuramente pensamos em colocar sim uma segunda guitarrista. É tudo uma questão de dinheiro e logística! Apenas isso! Nessa mudança de formação recente, pensei em botar oura guitarrista, mas como tínhamos um formato de uma vocalista sem tocar nenhum tipo de instrumento, ter 5 integrantes ia ser muito difícil, já que tínhamos muitos shows fechados. Adicionar dois membros seria muita coisa. Até para mim, lidar com os membros novos estava difícil, imagina mais uma guitarrista! Ainda está tudo muito caro, por causa da pandemia. Com certeza no futuro queremos voltar às raízes e adicionar mais uma guitarra.

Você consegue lembrar 3 solos ou riffs que mais te marcaram?

Com certeza o “Desperate Cry”, do Sepultura. Amo! Outro seria o riff de “Bonded By Blood”, do Exodus. Foi muito importante para mim. E também o de “The Four Horsemen”, do Metallica. Se você ver, tudo isso são cavalgadas e palhetadas, que é minha especialidade. Tem uma música que mexeu muito comigo também, não só o riff, que foi a “Raining Blood”, do Slayer.

A eleição está chegando. Você tem algum recado para seus fãs?

Nós falamos sobre tudo que incomoda a gente e reflete na gente. O “Perpetual Chaos” traz uma reflexão. Não espero mudar nada com minha música, sabe? Só espero compartilhar meu sentimento com as pessoas e fazer as pessoas pararem para pensar. Não quero mudar a opinião de ninguém. Quero que as pessoas parem e pensem. Reflitam sobre as coisas.

Torço de verdade para que as coisas evoluam e nós possamos aprender com os erros. Está aí o “Perpetual Chaos”! Espero que tenhamos uma reviravolta e a gente se recupere dessa confusão mental que está sendo nos útimos tempos. Que as pessoas voltem a ser como eram antes. Está tudo muito polarizado. Muita confusão e falta de respeito. Isso mexe bastante comigo e com as meninas. Espero que as pessoas aprendam e reconheçam os erros. Não precisa falar para ninguém. Reconheçam o erro e votem melhor.

A música com maior número de streamings da Nervosa é a “Death”. Quais memórias você tem dessa música? Por que você acha que é a que fez mais sucesso?

Ela é a música mais antiga e vem acumulando streamings desde 2014. Acaba acumulando mesmo, mas tem outro fator: quando lançamos o clipe, era algo que ninguém estava fazendo! Outras bandas até já fizeram, mas três minas em um cemitério tocando thrash metal era uma coisa nova!

Já tinham outras bandas tocando em cemitérios, mas acho que não um trio de mulheres! Falaram tipo: “Que foda!”. Essa letra é minha e me inspirei muito na sensação de uma pessoa no corredor da morte, que está prestes a ser sacrificada. É justo ou não? O que essa pessoa sente? Ela tem um refrão que faz as pessoas cantarem ao vivo também.

Como você avalia a exposição que as mídias sociais trazem para as bandas? Já aconteceu algo negativo com você relacionado a isso?

Quem dá a cara a tapa sempre vai ter momentos assim. Eu meio que não me importo, sabe? No começo da Nervosa, sofremos bastante. Tinha uma perseguição muito forte contra a gente. Criaram páginas contra a gente! Inventavam cada absurdo que você não faz ideia. Isso foi parando com o tempo, conforme fomos conquistando e provando coisas.

Hoje isso é praticamente inexistente. Pegam muito na parte da política. Tipo: “Abriu a boca, falou bosta, não curto mais”. Ou: “Tem que parar com essa militância”. Sempre desagradamos alguém, agradar a todos não dá! (risos). Eu não dou bola, só dão audiência para a gente.

Como foi essa história que criaram páginas contra a banda?

No começo, diziam que nós pagávamos para aparecer nos festivais. Que mandávamos calcinha para os produtores. Ou que tínhamos um empresário por trás que fazia as músicas. Também falaram que os músicos do Korzus que gravaram nosso disco. Tudo mentira. Eles gostavam de criar isso para justificar nosso sucesso.

Eu ficava feliz porque pensava que se o povo estava criando esse tipo de justificativa, significa que o trabalho está bom. Se não estivesse bom, não iam criar nada para justificar. Tipo: “É bom porque...”, “Consegue porque...”.

Eu só fui a público me pronunciar sobre isso no dia que falaram que mandamos calcinha para o produtor. Porque pensei tipo: podem inventar o que quiserem de mim, mas a partir do momento que falam que estamos mandando calcinhas para todos os produtores, você pode estar destruindo muitas famílias, sabe? Imagina o que as mulheres dos caras vão pensar sobre isso. Presta atenção, porque estão denegrindo não só nossa imagem, mas a do produtor também. Aí, o pessoal começou a parar.

Por exemplo, quando dei entrevista para o Regis Tadeu, disse que a Nervosa nunca iria ter um homem na banda. Eu falei isso porque a ideia é ser uma banda feminina e dar oportunidades. Não tenho que ficar justificando isso. É a ideia da banda e ponto final. Aí o povo disse que era machismo inverso. Esse povo não tem nada para fazer? Vai dar uma volta com a namorada, sei lá!

O Regis Tadeu é muito polêmico. O que você acha dele?

Ele surgiu e tem muitos seguidores porque é desse jeito dele. Todos param para ouvir o que ele tem a dizer por isso. Por mim, deixa o cara! Ele está fazendo o que gosta e omitindo a opinião dele. Desde que não ofenda ninguém ou prejudique ninguém, cada um tem direito de ter sua própria opinião, certo? Não gosto de ouvir de ninguém, seja dele ou de qualquer um, desrespeito sobre qualquer músico. Você não é obrigado a gostar de nada, mas respeito devemos ter, sabe? Então, se está mantendo o respeito, deixa o cara. Parem de julgar as pessoas. Vão fazer outra coisa! Assistir um série, sei lá.

02 Set 2022

Entrevista: Prika Amaral (Nervosa)

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL

Tags

nervosa prika amaral

Quem viu também curtiu

23 de Jun de 2021

“Foi o Sid Vicious quem me inspirou a criar o Helloween e o power metal!” – Entrevista com Michael Weikath (Helloween)

20 de Abr de 2022

Entrevista: Timo Tolkki (ex-Stratovarius) fala sobre "Visions", Andre Matos e mais

20 de Ago de 2022

Entrevista com Júlio Ettore - Rock Nacional 1980