01/06/2021 às 20:08 Entrevistas

"Somos alemães, mas nosso thrash metal é americano!" - Entrevista com Stefan Castevet (Vulture)

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A banda de thrash metal alemã Vulture acabou de lançar “Dealin’ Death”, o terceiro disco da carreira. Repleto de letras sobre filmes de terror, o trabalho mostra que a banda se encontrou de vez nesse nicho temático!

Bati um papo exclusivo com Stefan Castevet, guitarrista da banda! Ele me contou tudo sobre o novo disco, os principais filmes que inspiraram a banda na hora de compor e ainda elegeu seu “Big Four” do thrash metal europeu moderno! Boa leitura!

Gustavo Maiato: Eu li um comentário de um fã dizendo que a música “Star-Crossed City”, presente no disco recém-lançado “Dealin’ Death”, soa como uma reencarnação de Paul Baloff, do Exodus! O que você acha dessa afirmação?

Stefan Castevet: Sim! Essa música realmente lembra muito o estilo dele! Não era nosso objetivo principal soar como ele, mas acho que nosso vocalista Leo Steeler lembra bastante ele. Eu vejo esse comentário toda hora!

Gustavo Maiato: E qual foi a inspiração por trás dessa música? Qual foi a mensagem?

Stefan Castevet: Não tem uma grande mensagem por trás. A letra foi escrita pelo Andreas, nosso baixista. É algo sobre estar em uma cidade onde tudo parece meio pós-apocalíptico. A intenção é causar no ouvinte essa sensação, não tem uma história.

Não tínhamos uma cidade específica na mente quando pensamos nessa música, mas como gravamos tudo aqui em Dortmund, de alguma forma essa música acabou sendo sobre Dortmund para nós.

Gustavo Maiato: Outra música que tem um videoclipe bem legal é a música “Malicious Souls”. O clipe foi todo filmado em preto e branco e apresenta cenas de filmes de terror, coisas meio religiosas também. Como vocês chegaram nessa estética?

Stefan Castevet: Primeiro teve a questão do orçamento. Pensamos em fazer um vídeo inteiro apenas com a gente tocando. Pensamos em criar uma atmosfera gótica baseada nos filmes que amamos tanto.

Alugamos um espaço, colocamos nossos amplificadores, compramos aranhas de mentira e espalhamos pelo lugar! Para preencher o vídeo com mais elementos que contassem uma história, procuramos cenas de filmes que já estão em domínio público.

Achamos essas cenas de filmes que não pertencem a ninguém mais. Um dos filmes que usamos foi o “Nightmare Castle”, dos anos sessenta. (obs: “Amantes de Ultratumba”, em português).

Esse filme na verdade não tem nada a ver com a música! Mas o conceito visual combinava, então resolvemos fazer o vídeo inteiro em preto e branco também. O contraste ficou bem legal!  Gostei muito do resultado!

Gustavo Maiato: Outra música do novo disco que chamou muito minha atenção foi a música “The Court of Caligula”. O título nos remete ao Calígula, ex-imperador romano. Vocês gostam de história e tudo mais?

Stefan Castevet: Na verdade, é mais uma música baseada em um filme! Ela é meio que inspirada no filme “Calígula”, é bem caótico e dramático. Nós assistimos esse filme no meio de uma turnê e pensamos que poderia se tornar uma letra do Vulture!

A letra dessa música é quase inteiramente composta de citações desse filme. Coisas que o Calígula disse no filme, essas coisas.

Gustavo Maiato: Vocês tocam algo entre speed metal e thrash metal. Na história do metal, temos essa divisão entre o thrash metal alemão e o americano. Como você analisa essa divisão?

Stefan Castevet: Sim! Definitivamente existe essa divisão. Ainda nos anos 80, muitas bandas cruzaram esse limite, mas entendo o que você diz. Se olharmos bandas como Kreator, Destruction etc, elas soam bem alemãs!

É uma sonoridade bem teutônica! Quando começamos em 2015, sempre tocamos esse tipo de thrash alemão. Uma hora decidimos tocar um pouco do americano. Então, mesmo que a gente esteja aqui em Dortmund, nós tocamos um estilo muito mais parecido com o thrash americano da Bay Area.

Gustavo Maiato: Muitas pessoas gostam de eleger o “Big Four” do thrash americano. Qual seria o “Big Four” do thrash alemão moderno na sua opinião?

Stefan Castevet: Pode ser da Europa como um todo? Iria facilitar para o meu lado!

Gustavo Maiato: Claro, pode ser!

Stefan Castevet: Eu diria Antichrist, Nekromntheon, Aura Noir e a quarta acho que seria a Nocturnal, aqui da Alemanhã. Eles são mais antigos que nós e criaram um som bem teutônico! Acho que são os melhores a fazer esse tipo de som hoje em dia por aqui!

Gustavo Maiato: A música com maior número de streamings no Spotify do Vulture é a “Vendetta”, do álbum “The Guillotine” (2017), com cerca de 94 mil streams. Por que você acha que os fãs gostam tanto dessa música?

Stefan Castevet: Para ser honesto? Acho que é porque é a primeira música do disco, então eles ouvem essa e depois desistem de ouvir o resto do disco! (risos). Eu não sei! Talvez tenha algo especial nessa música.

Nós fizemos um vídeo para ela, isso ajuda. Não consigo ver um padrão que explique. Espero que no futuro outras músicas consigam esse patamar. Tem um buraco e tanto entre ela e as outras!

Gustavo Maiato: Falando sobre o novo disco, eu gostei muito da arte da capa! Tem um pêndulo com uma figura humana junto. Como vocês chegaram nesse conceito?

Stefan Castevet: Ela foi feita por um artista italiano que já trabalha conosco tem um tempo. Ele cria ótimas artes com muitas ideias. A ideia por trás da capa é a música “Dealin’ Death” que fala sobre o filme “The Pit and the Pendulum”.

É uma história adaptada de um conto do Edgar Allan Poe. Basicamente tem uma caverna gigantesca com um altar enorme. Tem também uma escada de pedra com esqueletos caindo e tudo mais.

Então, tem um pêndulo gigante que vai cortando a pedra. Nós queríamos algo que lembrasse esse filme e logo na primeira versão que ele enviou a gente aprovou. Ele conseguiu explorar o que tínhamos na cabeça.

Gustavo Maiato: Muitas das suas letras falam sobre filmes, coisas medievais, calabouços... Como surgiu essa ideia de falar sobre esses temas?

Stefan Castevet: Quando começamos, nosso primeiro pensamento foi: “não vamos escrever sobre coisas do diabo como todas as bandas alemãs fazem”. Então pensamos em focar em histórias e filmes. Escrevemos sobre o Jack, o Estripador, alguns filmes clássicos como “O Cão dos Baskervilles”, “Medusa” etc.

Pegamos várias ideias desses filmes, às vezes cantamos diretamente sobre um filme, outras vezes pegamos o conceito dele e desenvolvemos algo. Claro que deve ser algo brutal e tudo mais, ter uma coisa teatral, mas nada de satã, nada de política. É como escapar da realidade!

Gustavo Maiato: Os temas abordados por vocês são quase nunca abordados por bandas de thrash metal! Acho que vocês são únicos nesse sentido.

Stefan Castevet: Obrigado! Acho que sim. Existem algumas bandas que fazem o que fazemos, mas essa pegada de horror e terror é o que acontece mais. Encontramos um pequeno nicho e estamos confortáveis aqui.

01 Jun 2021

"Somos alemães, mas nosso thrash metal é americano!" - Entrevista com Stefan Castevet (Vulture)

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