14/04/2021 às 21:01 Resenhas de Discos

Resenha do disco "Stairway to Valhalla", da banda Nanowar of Steel

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O comercial inicia. Um garoto ruivo aborda o piloto Rubinho Barrichello. “Ei, posso tirar uma foto com você?”, pergunta o garoto. Os dois posam para a self e, segundos depois, a foto está no ar.

Rubinho, incrédulo, diz: “Nossa, sua internet é rápida né?”. O garoto retruca: “Sim, é a nova Vivo 4G”. Rubinho, então, também pede para tirar uma foto com o “famoso garoto ruivo”.

A internet do piloto, lenta que só, faz o celular travar.

O ruivo, sem perder a piada, tira sarro: “se você está dizendo que a internet é lenta, então é porque a coisa está feia hein...”. Barrichello, que costuma virar meme por ser lento nas corridas (há controvérsias), dá uma bela “encarada” no menino, que se desculpa no final.

A cena a seguir, de um comercial da Vivo, retrata algo que está cada vez mais em falta no mundo de hoje: as pessoas precisam aprender a se levar menos a sério.

Rubinho, ícone e ídolo brasileiro, acabou caindo na (des)graça do povo, que pegou o pobre para judas e sempre faz piadas por ele nunca ter conquistado o mundial na Fórmula 1. Ele, por sua vez, resolveu abraçar isso e não nadar contra, no que seria um misto de chateação e ressentimento.

Porque não fazer um comercial mostrando que “está de bem” com as piadas e que é maior que isso tudo?

No heavy metal, bandas como o Nanowar of Steel exercem justamente esse papel de professor: ensinar a comunidade (fãs, crítica, bandas etc) que é possível se divertir, tirar sarro de si próprio, deixar cair a fama de mau por um instante.

“Stairway to Valhalla”, novo disco dos italianos, empacota todos os estereótipos do metaleiro, bota no liquidificador, e serve o prato na mesa, com gosto amargo para os que ainda não entenderam o recado.

Fabio Lione, um dos maiores vocalistas de metal de todos os tempos, aderiu ao movimento. É dele os vocais de “Barbie, Milf Princess of the Twilight”. A música, hilária, traz trechos de canções do Rhapsody of Fire, ex-banda “séria” de Lione.

“The Call of Cthulhu” brinca como se fosse uma ligação de telefone. “In the sky”, tira onda com letras poéticas (ou não) que sempre citam os céus.

Quer mais piadas? Uma faixa de cinquenta e poucos segundos (“Images And Swords”) é na verdade uma receita de como compor uma música do Dream Theater: “pegue uma chave de fenda e arranhe um disco do Manowar, desenhando nele um pinto gigante”, diz a letra.

Os caras por trás desse verdadeiro Massacration gringo atendem pelo nome de Gatto Panceri 666, Uinona Raider, Mohammed Abdul, Potowotominimak e Baffo. Os nomes, evidentemente, são brincadeiras.

Outras músicas ainda incluem piadas com “Money” do Pink Floyd e a melhor de todas: uma faixa sobre o amor entre um cara e uma... gárgula!

Quem não se emocionar com “...And Them I Noticed That She Was A Gargoyle” não tem coração!

Por fim, o Nanowar ensina que, na vida, é preciso levar menos os estereótipos a sério. Piada, quando feita no timing certo, é sempre bem-vinda. Por uma vida com mais Rubinhos e menos true metal warriors from hell.

Compre o disco aqui, na SHINIGAMI RECORDS.

14 Abr 2021

Resenha do disco "Stairway to Valhalla", da banda Nanowar of Steel

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