19/01/2021 às 17:33 Entrevistas

Entrevista com Per Schelander (Astrakhan): “Fãs do Pain of Salvation verão o lado compositor de Johan Hallgreen no novo disco!”

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Per Schelander marcou seu nome no Heavy Metal sueco atuando em várias bandas da cena como o Pain of Salvation (2008-2010), Avatarium, House of Shakira e Astrakhan. Essa última – tema principal dessa entrevista – lançou em 2020 o disco ao vivo “Astrakhan’s Superstar Experience”, baseado no clássico musical e filme “Jesus Cristo Superstar”.

No bate papo, além de relembrar os desafios e momentos especiais da montagem desse show, também falamos sobre o novo disco que será lançado em abril, sobre sua curta e intensa passagem pelo Pain of Salvation e sobre a cena de Metal Progressivo na Suécia. Boa leitura!

Gustavo Maiato: Como foi a experiência de traduzir o filme/musical “Jesus Cristo Superstar” para o formato de um show de Heavy Metal?

Per Schelander: Nos primeiros shows do Astrakhan, a gente tocava a música “Gethsemane” – da trilha do musical – no bis. Depois, isso virou uma tradição, todos na banda amam “Jesus Cristo Superstar”, então pensamos em tocar  as outras músicas da trilha sonora.

Essa ideia surgiu aí. Entramos em contato com o  compositor Andrew Lloyd para conseguir os direitos e fizemos uma pequena turnê na Escandinávia tocando o musical na íntegra. O Ashtrakhan sempre foi mais guiado por ideais do que por limites. Tirar essa produção do papel foi um desafio, não somos uma banda tão conhecida. Mas nós conseguimos!

Gustavo Maiato: Quantos shows foram feitos ao todo com essa produção?

Per Schelander: Foram quatro shows. Sabíamos que seria difícil uma turnê maior. Foram três shows na Finlândia e um na Suécia. Foi tudo muito legal, com os ornamentos dourados e tudo mais. Tocamos em casas de show excelentes.

Gustavo Maiato: O Andrew Lloyd chegou a assistir?

Per Schelander: Não, infelizmente não!

Gustavo Maiato: Qual é a sua relação com a história contada em “Jesus Cristo Superstar”?

Per Schelander: Tenho uma relação muito longa com a música de uma maneira geral. Eu e meu irmão tocamos juntos quando eu tinha 19. Isso foi 20 anos atrás! A música sempre esteve comigo. Agora, sobre o “Jesus Cristo...”, a história é bem famosa e eu sempre curti.

Gustavo Maiato: Na música “Damned For All Time” você colocou um trecho da “Highway Star” do Deep Purple. Como surgiu a ideia de combinar essas duas músicas?

Per Schelander: A ideia inicial sempre foi fazer alguns ajustes relacionados ao arranjo das músicas. O riff original dessa música era meio chato! A música é legal, mas o riff não tinha nada a ver. Então, percebemos que a vibe do riff parecia com o riff principal de “Highway Star”, a ideia surgiu daí!

Adicionamos o órgão e tudo mais. O Ian Gillan interpretou Jesus na montagem original desse musical, então tem uma conexão com o Deep Purple. Foi muito divertido! Toda a história é bem séria, decidimos introduzir um pouco de diversão para a experiência não ficar tão pesada.

Gustavo Maiato: Na gravação do disco ao vivo vocês contaram com a participação de Mat Levén, conhecido por cantar na banda do guitarrista Yngwie Malmsteen. Como foi a experiência de dividir o palco com ele?

Per Schelander: Eu fiz meu primeiro show com ele na época que eu tocava com o Royal Hunt. O Mark Boals não podia cantar e foi substituído pelo Mark em três shows. Isso tem uns 15 anos já. Eu conheço ele tem tempo, fizemos outros shows em Estocolmo. Ele foi nossa primeira opção quando buscávamos um cantor.

Ele funciona como se fosse uma voz oposta à do Alexander Lycke, que interpreta Jesus Cristo. No caso, ele interpreta Judas Iscariotes. Ele falou que sempre quis fazer esse musical! Foi a primeira vez que ele fez. Ele e fenomenal!

Gustavo Maiato: O guitarrista Johan Hallgreen – do Pain of Salvation – também estava na turnê. Você inclusive já tocou no Pain of Salvation, como foi essa experiência? Você tem boas memórias quando o assunto é o Pain of Salvation?

Per Schelander: Eu toquei no Pain Of Salvation por três anos, fizemos muitos shows. O Johan já estava fora do Pain of Salvation quando começou a tocar com a gente. Eu queria muito dividir o palco com o Johan novamente. Ele é parte da banda e já escreveu material para o próximo disco. Para esse projeto do “Jesus Cristo Superstar” ele foi muito importante, porque é um ótimo cantor.

Gustavo Maiato: Você chegou a gravar com o Pain of Salvation? Como foi a sua experiência na banda?

Per Schelander: Eu gravei apenas uma música. Gravei em casa mesmo. Eles já tinham gravado quase tudo do “Road Salt Two” na época que eu entrei. Foi interessante, essas músicas foram gravadas por eles no meio de jams e ensaios.

Eles gravaram tudo olhando um para o outro. Eu tive que me sentar no meu estúdio e fingir que estava tocando com eles. Foi estranho! Normalmente ou você faz tudo separado ou em uma jam. Nesse caso, eles fizeram tudo com jams e eu me virei sozinho! Eu me juntei na festa depois que ela acabou!

Gustavo Maiato: Falando sobre o novo disco do Pain of Salvation – “Panther” -, você chegou a ouvir? É bem diferente dos anteriores!

Per Schelander: Isso é uma coisa ótima sobre a banda. Eles estão sempre se reinventando. Mas sabe qual é a pior parte de tocar com sua banda favorita? Você não consegue perder essa história que aconteceu. Desde que eu deixei a banda, não consegui ter mais interesse nas coisas novas.

Eu ouvi por alto, achei bem legal, eu gosto muito do vocal do Daniel Gildenlöw, mas alguma coisa se perdeu. Ele dormiu na minha casa quando gravaram esse último disco, ele estava cansado e ficou aqui. Mas de qualquer forma, para mim é estranho ouvir eles, isso é uma coisa ruim, eu sempre amei e isso acabou se perdendo.

Gustavo Maiato: Como era a cena de rock/metal progressivo na Suécia quando você começou a tocar baixo? De que maneira isso te influenciou?

Per Schelander: Eu sou mais conhecido pelo meu trabalho com o Royal Hunt e o Pain of Salvation, que são mais para o Prog. Mas na verdade eu comecei na banda House of Shakira, que tinha uma pegada AOR. Eu ainda toco com eles.

Então eu não conhecia muito bem a cena de progressivo da Suécia nesses tempos. Eu assisti ao Pain of Salvation quando eles abriram para o Dream Theater acho que em 2001, na turnê do “Remedy Lane”. Eu nunca tinha ouvido falar neles.

Quando eu os vi abrindo o show, eu pensei “essa é minha banda!”. Eu sempre quis fazer isso! Anos depois, quando o Kristoffer Gildenlöw saiu, eu acabei entrando. Eu era um grande fã deles.

Gustavo Maiato: Você também trabalha com fotografia e vídeos? Eu vi uma foto sua no Sabaton Open Air...

Per Schelander: Eu trabalho mais com vídeo. Nessa ocasião eu estava filmando meus grandes amigos do Narnia. Foi muito especial e desafiador. Eu estava manuseando umas cinco câmeras ao mesmo tempo!

Gustavo Maiato: Com a pandemia é difícil fazer planos, mas vocês já têm planos para um novo disco, certo?

Per Schelander: Sim! Agora que já lançamos o “Jesus Cristo Superstar”, temos um novo álbum de inéditas para lançar. Vai sair em abril. Já está tudo gravado e mixado. Estamos apenas dando os retoques finais na parte da capa.

Gustavo Maiato: O que você pode adiantar sobre o novo disco?

Per Schelander: O processo de escrita foi legal, todo mundo junto. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Será uma oportunidade também de ver as composições do Johan, porque no Pain of Salvation ele não tem espaço para compor. O disco terá riffs dele e tudo mais.

Ele toca em um estilo que muitos fãs do Pain of Salvation nunca viram ele tocar. Além disso, é um disco bem pesado e escuro. Ele reflete esse ano de 2020. Nós não previmos isso, porque gravamos tudo em 2019.

Em 2020, todos os músicos descobriram como é a vida sem poder tocar música. Quando eu escrevi as letras, você pode entender que é sobre um término de relacionamento, mas para mim era sobre como seria a vida sem música. Eu toquei minha vida toda. É uma das relações mais fortes que tenho, é uma âncora para mim. Infelizmente, isso acabou acontecendo!

19 Jan 2021

Entrevista com Per Schelander (Astrakhan): “Fãs do Pain of Salvation verão o lado compositor de Johan Hallgreen no novo disco!”

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