23/12/2020 às 17:49 Entrevistas

Entrevista com a banda Eleine: “Fundar a própria gravadora foi essencial para entender como a indústria da música funciona!”

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A banda Eleine vem despontando como uma das grandes promessas do Symphonic Metal. Naturais da Suécia, ganharam notoriedade ao mesclar a voz lírica da vocalista Madeleine Liljestam com o peso e agressividade das guitarras de Rickard Ekberg. Além disso, eles estão com disco novo: 'Dancing in Hell' acabou de ser lançado, com boa recepção pelo público a julgar pela quantidade de views e streams no YouTube e Spotify.

Uma das características da banda é o visual bem trabalhado, com maquiagem pesada e um figurino com influências orientais. Recentemente, o Eleine também fundou a própria gravadora, a ‘Black Lodge Records’. Bati um papo exclusivo com a dupla Madeleine e Rikard e você confere a íntegra aqui embaixo! Boa leitura!

Gustavo Maiato: O novo disco ‘Dancing in Hell’ é bem mais pesado e com mais elementos sinfônicos do que os trabalhos anteriores. Esse direcionamento foi algo planejado pela banda?

Rikard Ekberg: Não foi nada elaborado, a gente foi escrevendo e quando vimos naturalmente ficou mais pesado e sinfônico. Eu faço todas as orquestrações desde o nosso segundo disco, mas sempre contei com a ajuda de um profissional para finalizar esses arranjos.

Dessa vez, ele não pode trabalhar com a gente, então eu fiz sozinho. Então, acabou que eu fiz da maneira exata que eu tinha na minha cabeça. Nós amamos coisas pesadas, então por que não!

Madeleine Liljestam: Foi um progresso natural, a sonoridade reflete o tema das músicas.

Gustavo Maiato: A banda lançou nada menos do que quatro singles! Hoje em dia, é comum esses lançamentos pontuais para ir sentindo o mercado. Como foi o planejada a divulgação de ‘Dancing in Hell’ em meio à pandemia?

Madeleine: Nesse ano, com a pandemia, nós estávamos no meio de uma turnê e tivemos que voltar para casa. Já estava programado lançar o álbum em novembro e pensamos se não seria melhor adiar.

Mas logo percebemos que simplesmente não sabíamos quanto tempo a pandemia iria durar. Então, por que não lançar esse álbum? Pensando na gente e nos fãs. Ao invés de fazer o básico com dois singles, nós decidimos lançar quatro singles e gravamos quatro videoclipes. Isso acabou aumentando o hype do álbum. O disco foi um sucesso, isso significou muito para nossos fãs.

Gustavo Maiato. As letras de ‘Dancing in Hell’ são bem intensas e sombrias. Como é o processo de composição? Alguma inspiração particular?

Rikard: Nós escrevemos sobre o que nós sabemos, percebemos e sentimos. Mas a letra não é tão óbvia, então quando uma outra pessoa lê, ela pode se identificar. Acredito que nós somos bons em nos expressar.

Gustavo. Uma das marcas registradas da banda é o aspecto visual. Vocês têm uma certa influência da cultura do Oriente Médio, certo? É bem diferente do padrão mais clássico das outras bandas de Symphonic Metal.

Madeleine: Nós fazemos o que parece natural para a gente. Nós não vimos no começo o que as outras bandas estavam fazendo. É bem simples: nós gostamos de algo e então fazemos. Nós colocamos maquiagem pesada e tudo mais, mas isso é apenas nós. É importante ser assim. Isso é apreciado pelos fãs. O que você vê sempre é uma extensão do que você ouve.

Rikard: É verdade, e nós estamos sempre evoluindo também, não sabemos como será nos próximos anos, eu só sei que com certeza vamos ter fogo no palco!       

Gustavo Maiato: Um dos videoclipes mais legais do novo disco é o da música ‘Enemies’. Qual foi a inspiração para esse clipe? O figurino da Madeleine parece inspirado no Oriente Médio!

Madeleine: Sim! Eu tenho essa roupa há muito tempo. É minha roupa de palco já por muitos anos. Eu gosto muito dela! Eu sempre tive essa queda por coisas árabes em minhas roupas. Isso veio naturalmente para mim.

Gustavo Maiato: Interessante, você vem da Suécia. Um país bem distante geograficamente e culturalmente do Oriente Médio!

Madeleine: É verdade, mas isso sempre me inspirou, não sei por quê! Eu sou da Suécia, mas muita gente diz que eu não pareço uma sueca!

Rikard: A gente vê muito sobre essa cultura do Oriente Médio em filmes, nós gostamos muito desse estilo.

Gustavo Maiato: Vocês fizeram um cover da música ‘Mein Herz Brennt’, do Rammstein. Como foi tocar essa música?

Rikard: Foi muito divertido. Eu e a Madeleine gostamos de desafios. Foi um desafio enorme cantar em alemão. Nós tocamos essa música ao vivo lá na Alemanha e ela foi bem recebida, então acho que fizemos um bom trabalho!

O Rammstein também adicionou esse nosso cover em uma lista deles no Spotify chamada ‘Rammstein by Others’, então isso é um sinal de aprovação!

Madeleine: Escolhemos fazer esse cover como um tributo para eles, por eles serem uma grande inspiração por tantos anos para a gente!

Gustavo Maiato: E qual música do Eleine vocês acham que seria legal se o Rammstein fizesse um cover?

Madeleine: Essa é uma pergunta muito legal! Eles têm um estilo bem próprio, então seria interessante ouvir eles fazendo um cover nosso. Acho que a música ’As I Breathe’ ficaria legal!

Rikard: Eu diria ‘Die From Within’, aposto que ficaria bem interessante.

Gustavo Maiato: Em 2017, vocês fundaram sua própria gravadora, a Black Lodge Records. Como surgiu a ideia de ter a própria gravadora e o que mudou agora? Vocês têm mais independência e autonomia?

Madeleine: Criamos a Black Lodge Records porque quando deixamos nossa última gravadora, depois do nosso primeiro disco, não queríamos nos apressar para fazer algo novo. Nós sentimos que queríamos dar um tempinho e ver o que aconteceria.

No segundo álbum, recebemos uma oferta, mas dissemos não. Se a gente fizesse nossa própria gravadora, poderíamos comandar a distribuição e isso é bom porque aprendemos como a indústria funciona.

Então, lançamos o disco ‘Until The End’ com nosso selo e distribuímos pela Sound Pollution, foi um grande sucesso. Esse disco significa muito para a gente.

Gustavo Maiato: Em 2017, vocês fizeram uma turnê com o W.A.S.P. Como foi essa experiência?

Rikard: Nós não falamos muito com o Blackie Lawless. Eu vi a banda comendo pizza uma vez! Ele é um cara ocupado. Eu sei que é trabalhoso aquecer para um show e tudo mais. Nós falamos algumas vezes com o pessoal da banda e foi legal.

Madeleine: Foi uma agenda apertada, então foi difícil falar com eles. Mas foi uma ótima turnê para a gente, muita gente virou fã da banda. A turnê foi quase toda na Suécia, todos amaram a gente! Alguns acharam estranho ver a gente na turnê com o W.A.S.P, mas foi um match legal de qualquer forma!

Gustavo Maiato: A Suécia é famosa por ter uma cena de Heavy Metal bastante rica. Como você analisa esse cenário e por que o seu país produz tantas bandas?

Rikard: É o frio! Nós falamos: ‘que merda de tempo, é melhor eu tocar um metal! Ta ta tata ta’! hahahaha. Na verdade, eu não sei, acho que está no nosso sangue. Mas nós também temos o ABBA, é ótimo! Música boa independe do gênero.

Gustavo Maiato: Como foi o início da banda? O que motivou vocês a começar a tocar?

Madeleine: Eu só sabia que queria ter uma banda de Metal. Esse nome ‘Eleine’ estava na minha cabeça já. Então, eu conheci o Rikard e instantaneamente vimos que tínhamos a mesma ambição. Isso foi em 2014.

Gustavo Maiato: E qual a origem do nome ‘Eleine’?

Madeleine: Um pouco antes de conhecer o Rickard eu já tinha esse nome ‘Eleine’ na cabeça. Meu nome é Madeleine, então eu só tirei a parte ‘mad’!

Gustavo Maiato: Quais os planos da banda para 2021?

Rikard: O plano é continuar. Nós não podemos parar, precisamos olhar para a frente. Tudo pode acontecer. Nada é certo, estamos trabalhando duro, recentemente assinamos com uma agência na Alemanha e isso vai ser ótimo para a gente.

Gustavo Maiato: Poderiam deixar uma mensagem final?

Madeleine: Adoramos nossos fãs, sem vocês, nada seria possível!

Rikard: Ouçam músicas que deixem você bem, que empodere. Se estiver brabo, ouça música que te deixe brabo! Ouça músicas que você goste!

23 Dez 2020

Entrevista com a banda Eleine: “Fundar a própria gravadora foi essencial para entender como a indústria da música funciona!”

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